Esse tal livre arbítrio

quarta-feira, 21 de maio de 2008

É um dom ou uma maldição esse tal de livre arbítrio? Poxa! Escolher é algo meio complicado. Tanto poder concedido apenas por esse tal livre arbítrio.

Divina sensação em poder escolher entre o preto e o branco, entre o doce ou salgado, cinema ou teatro? E para os mais atiçados, loiras ou morenas? Ah como é bom escolher, melhor dizendo como é bom saber escolher, afinal de contas, todos têm o poder da escolha encravado em nossa essência, mas será que todos aprendem a usá-lo? Certo ou errado? Justo, injusto, leal, desleal e tantos outros antônimos possíveis para tentar dizer que cada passo, cada atitude se resume a uma escolha, escolha esta que se resume a duas opções, e o mais interessante, somos livres pra escolher o que quisermos.

Infelizmente, quando mais precisávamos desse tal de livre arbítrio, ele não estava lá. No momento em que nascemos. Quem não gostaria de poder escolher entre nascer inteligente ou não. Nós nascemos com o poder da escolha, mas não sabemos distinguir as escolhas certas e erradas. O certo de hoje outrora foi o errado, e como em um grande espelho a imagem de uma grande virtude pode em um piscar “universal” de olhos transformar-se em um reflexo de defeitos e enganos.

Não é uma questão de escolha tomar a atitude certa ou errada. Pelos exemplos que a humanidade vem dando, parece que não sabemos o que é o certo ou errado. Matar é errado mas se defender é certo, então não mate para se defender, mas não morra por não matar. Então mate! Não!!! Não é certo matar! Mas seria errado não lutar para viver.

Ah eu tenho o poder de escolha, mas não sei o que escolher. Enfim esse tal de livre arbítrio me parece uma ilusão. A única escolha que eu posso fazer é aquela que no momento me parece a certa, aquela que de certa forma vai me beneficiar. Será que minha opção de escolha se resume a algo tão egoísta? Não! Não pode ser assim.

Você que leu isso chegou ate aqui porque quis chegar. Teve a opção de parar no meio ou nem começar a ler. Acho ate que poderia continuar lendo, mas, eu utilizando-me do meu poder de escolha não quero mais escrever.

Por: Alan Batista

O Fusca e o Fuhrer

terça-feira, 13 de maio de 2008

"Amigos leitores, ultimamente tenho dedicado meus estudos a um período da história que muitos de nós preferimos esquecer, o período em que a Alemanha teve Hitler como fuhrer. Hitler aterrorizou o mundo inteiro com seus ideais pan germanico e seu anti-semitismo voraz, mas apesar das atrocidades cometidas, alguns benefícios foram trazidos a nação."


A mesma mente diabólica que comandou o holocausto judeu, provocou a 2ª Guerra Mundial e levou a Alemanha à ruína foi essencial para a criação do carro mais simpático e mais vendido no mundo - o bom e velho Fusca. Sem o apoio de Adolf Hitler a um carro popular para os alemães, o primeiro projeto do Fusca, feito por Ferdinand Porsche em 1932, ficaria até hoje na gaveta. E o carro que inspirou filmes como Se Meu Fusca Falasse e músicas sertanejas como Fuscão Preto simplesmente não existiria.

Embora jamais tenha aprendido a dirigir, Hitler era fã de automóveis. Ainda em 1923, quando o partido nazista lutava para chegar ao poder na Alemanha e sobrevivia com a contribuição de poucos membros, Hitler comprou um Mercedes. Criticado por colegas, ele justificou: "O automóvel é para mim um meio para um fim, pois torna possível a realização do trabalho diário". Depois de eleito, como nenhum político anterior, o líder nazista usava o carro para percorrer as longas distâncias entre suas tropas.

A idéia de elevar o prestígio do país com um carro puro-sangue alemão veio após o fiasco da Olimpíada de Berlim, em 1936, quando o velocista negro Jesse Owens pôs abaixo a teoria nazista de superioridade racial. Depois da competição, Hitler deu dinheiro de sobra para garantir sucessivas vitórias da equipe Mercedes nas pistas do Grand Prix - campeonato mundial disputado até 1949 e que antecedeu a Fórmula 1.

A obsessão de criar o "carro do povo" (volkswagen, em alemão) veio durante o curto período que Hitler passou na prisão, após a tentativa fracassada de derrubar o governo no golpe conhecido como Putsch de Munique, em 1923. Condenado a 5 anos, Hitler acabou cumprindo apenas 9 meses na cadeia de Landesberg. Lá, dividiu o tempo entre a leitura da autobiografia de Henry Ford (que também era anti-semita e adorava carros) e a tarefa de escrever suas memórias no livro Minha Luta. Nelas, Hitler fala em "quebrar os privilégios automobilísticos das classes mais ricas" e de quebra colher os dividendos políticos. Em 1933, quando ele foi eleito chanceler, a Alemanha andava a pé. Tinha apenas um automóvel para cada 100 habitantes, enquanto a vizinha França tinha um para cada 28 e os EUA, um para cada 6. Na abertura da feira automobilística de Berlim de 1934, Hitler discursou: "É uma triste constatação que milhões de pessoas boas e esforçadas sejam excluídas do uso de um meio de transporte que, especialmente aos domingos e feriados, poderia se tornar uma fonte de indecifrável alegria".


Porsche sob pressão

Enquanto o ditador convencia a Alemanha de suas idéias, o projetista Ferdinand Porsche tentava emplacar seus projetos. Ele criou o primeiro conceito de carro popular, batizado de Tipo 12, em 1932. O veículo já trazia as linhas básicas e o estilo inconfundível do Fusca, mas seu desenvolvimento foi suspenso por causa de dificuldades econômicas da Zündapp, empresa de motocicletas que o havia encomendado. Ao mesmo tempo, Porsche apresentou para a NSU, outra empresa de motos, o protótipo Tipo 34, que já seguia todo o design e a concepção mecânica do Besouro, apelido que o Fusca ganharia em todo o mundo. Foram fabricados 3 modelos do Tipo 34, mas a NSU também desistiu de levar a proposta adiante.

A recusa da NSU ocorreu pouco tempo após Hitler assumir o poder na Alemanha. Uma das primeiras ações do líder nazista foi anunciar o plano de construir as mais modernas rodovias de toda a Europa, além de lançar o tão sonhado carro popular. Ferdinand Porsche não se animou com o discurso, sobretudo porque tinha como sócio e amigo Adolf Rosenberger, alemão de origem judaica, e a postura anti-semita do chanceler não soava bem no escritório.

Em maio de 1933, porém, Porsche recebeu a visita do amigo Jacob Werlin, que havia se tornado consultor de Hitler para assuntos automobilísticos. Ele perguntou se o projetista não estava interessado em apresentar sua proposta de carro popular ao governo. Porsche ficou de pensar, mas Werlin ligou apenas 3 dias depois convidando-o para uma visita urgente a Berlim. Ao chegar, o projetista foi surpreendido por uma audiência com o próprio Hitler, no Hotel Kaiserhof. O ditador o felicitou por ambos serem austríacos e falarem o mesmo dialeto. Além disso, mostrou conhecer bem o projeto desenvolvido para a NSU e discursou sobre sua concepção de carro popular.

Hitler achava que o veículo deveria transportar 4 ou 5 adultos, atingir a velocidade de 100 km/h, manter uma média de consumo de 14 quilômetros por litro e custar qualquer preço, "desde que abaixo de 1000 marcos imperiais", destacou em tom autoritário a Porsche. É curiosa a maneira nada ortodoxa como o ditador chegou ao valor: seus assessores calcularam que um modelo americano Buick custava em média 1,5 marco por quilo. Como o protótipo da NSU pesava cerca de 660 quilos, eles deduziram que o preço deveria ser de 990 marcos. Naquela época, o DKW Front, automóvel mais barato da Alemanha, era vendido a 1600 marcos.

A conversa, que deveria ser informal, tornou-se uma armadilha para Porsche, que teve que se comprometer definitivamente com o projeto do Volkswagen. Ele ainda tentou contestar o preço do automóvel, assim como a prestação de apenas 20 marcos mensais que Hitler havia exigido. Mas foi puxado de lado por Werlin, que já percebia o princípio de irritação do chanceler. "Vamos discutir esses pequenos problemas mais tarde", teria dito Werlin a Porsche.

Sem alternativa, o projetista aceitou a missão. Nos dois primeiros anos do projeto, trabalhou sem receber honorários. Além de dar o calote em Porsche, Hitler mostrou-se irredutível quanto às exigências da conversa inicial, principalmente com relação ao valor do automóvel.

Em 12 de outubro de 1936, Porsche entregou 3 protótipos para serem testados e homologados. A princípio, estava acordado que o governo cederia às 4 maiores montadoras do país o direito de produzir e vender o veículo. Contudo, em meados de 1937, o regime nazista anunciou a construção da Volkswagen, uma fábrica estatal. Porsche virou executivo-chefe da organização.

O próprio Hitler colocou a pedra fundamental na fábrica, erguida com fundos levantados pela frente de trabalho alemã, a Kraft durch Freude (KdF, em alemão "a força pela alegria"), organização controlada pelo partido nazista. Por causa disso, o carro foi batizado como KdF-Wagen.

Ficou decidido também que o veículo seria vendido diretamente aos clientes. O interessado deveria pagar 5 marcos semanais na forma de selos, e só receberia o veículo após 4 anos, quando a cartela estivesse completa. Mais de 175 mil trabalhadores alemães aderiram à proposta. Nenhum deles jamais colocou as mãos em um automóvel: o início da 2ª Guerra, em setembro de 1939, interrompeu a produção.


O Fusca vai à guerra

Após o início dos primeiros conflitos, a fábrica da Volkswagen foi requisitada para o esforço de guerra. Com isso, o governo solicitou a Ferdinand Porsche a construção de um veículo militar desenvolvido sobre a plataforma mecânica do Fusca. A resposta veio em poucas semanas, com o jipe Kübelwagen.

A produção começou em fevereiro de 1940. Mais de 55 mil unidades foram feitas durante a guerra. Elas atuaram com sucesso na ofensiva alemã, da Rússia ao deserto do Líbano. O comandante nazista Erwin Rommel ficou tão impressionado com o modelo durante a ocupação da França que, ao ser incumbido da campanha no norte da África (com a divisão Afrika Korps), insistiu para que boa parte de seus veículos fosse substituída pelos fuscas de guerra. "No deserto, o Kübelwagen passa onde um camelo mal consegue andar", disse ele. As unidades capturadas também faziam sucesso entre os americanos, que tinham um manual que ensinava a usar e preservar o Volkswagen.

O sucesso levou Porsche a desenvolver variações do projeto: foram feitos Kübelwagen com aros para se locomover em estradas de ferro; e uma versão especial para o Afrika Korps, com pneus em formato de balão, que ajudavam a enfrentar o deserto do Saara.

Mas o preferido pelas forças alemãs era o Schwimmwagen, o Fusca anfíbio. Ele enfrentava todo tipo de terreno e navegava a até 10 km/h. Com isso, permitiu um rápido avanço das tropas alemãs na frente russa, apesar da neve. Destinado principalmente à elite nazista, o Schwimmwagen teve produção de 14.283 unidades durante a guerra.

A fábrica da Volkswagen não produzia só veículos militares. Dela saíam componentes dos aviões Junkers e dos mísseis V1 "Doodlebug" (a bomba voadora). Em 1944, um ataque aéreo destruiu dois terços das instalações e deixou 73 mortos, a maioria prisioneiros que faziam trabalho forçado. No ano seguinte, Hitler faria num Fusca a última viagem de sua vida. Por achar que o veículo chamaria menos atenção que sua habitual limusine Mercedes, ele o escolheu para ir a seu esconderijo em Berlim, onde cometeria suicídio. Já Ferdinand Porsche, ao final da guerra, foi detido como suspeito de ser nazista, mas liberado logo depois. Em 1945, voltou a ser acusado de crime de guerra e preso. Levado a Paris, os franceses o condenaram a trabalhar no desenvolvimento do Renault 4CV, um concorrente francês do Fusca. Porsche só conseguiu ser inocentado de vez em 1949, já com 75 anos de idade. Morreu dois anos depois, não sem antes criar os carros esportivos que ainda hoje levam seu nome. Com o fim da guerra, em 1945, a frente de ocupação britânica assumiu a fábrica, que foi reconstruída e voltou a produzir o Fusca para uso civil, batizado agora como Volkswagen Sedan. A autonomia da produção só foi devolvida aos alemães em 1950. Nas 5 décadas seguintes, Hitler viraria a personalidade mais odiada do século. Já o Fusca alcançaria o tão almejado plano do ditador alemão de conquistar o mundo. Sua produção alcançaria 21,5 milhões de unidades, um recorde que jamais foi atingido por outro automóvel.


Por: Paulo Santana
Fonte: Revista Super Interessante

Livro de Hitler pode ser republicado na Alemanha

sexta-feira, 9 de maio de 2008

O historiador Horst Möller, diretor do Instituto de História Contemporânea de Munique, gostaria de ver Mein Kampf republicado em forma de edição acadêmica, acompanhado por anotações abrangentes. "Enquanto o livro não estiver disponível em edição cuidadosamente anotada, não vão cessar as especulações, muitas das quais simplistas, sobre o que o tomo de fato contém", disse Möller. "Uma edição acadêmica poria fim aos mitos que cercam Mein Kampf".

O livro, escrito enquanto Hitler estava servindo uma sentença de prisão por uma tentativa de golpe de Estado em 1923, foi ao prelo originalmente em 1925. Nele, o futuro ditador expõe sua visão de mundo e a ideologia do nazismo, misturadas a detalhes autobiográficos e a tiradas contra os judeus e outros grupos. O livro está amplamente disponível em diversos países, entre os quais o Reino Unido e os Estados Unidos, mas não pode ser publicado na Alemanha.

Ao contrário da crença popular, o trabalho não é proibido pela censura na Alemanha. Em lugar disso, seus direitos autorais são propriedade do governo estadual da Baviera, que assumiu os direitos detidos pela Eher-Verlag, a principal editora do partido nazista - entre os quais os de Mein Kampf -, como parte do programa de erradicação do nazismo imposto pelos aliados vitoriosos depois da guerra.

Como detentor dos direitos autorais, o Estado vem recusando permissão para que o livro seja publicado, sob a alegação de que serviria para promover o extremismo de direita. O Ministério do Exterior alemão recomendou repetidas vezes que o livro não seja publicado, por medo de prejudicar a imagem do país no exterior.

Möller afirma que pediu autorização repetidas vezes ao Ministério das Finanças bávaro, que controla os direitos autorais, para a produção de uma edição acadêmica, mas nunca conseguiu licença. O governo bávaro no passado tomou medidas legais contra a publicação do livro em outros países, por exemplo a Suécia, em 1992, e a Polônia, em 2005.

Mas o Estado não conseguirá manter essa situação por muito tempo. Em 2015, terão passado 70 anos da morte do autor, Adolf Hitler, e o direito autoral expirará, nos termos das leis padronizadas de propriedade intelectual. A partir dali, qualquer um poderá publicar Mein Kampf.

"Haverá número suficiente de editoras interessadas em vendê-lo, quando essa hora chegar, e o sensacionalismo será inevitável", afirmou Möller, segundo o qual seria melhor produzir uma edição anotada explicando por que Hitler estava errado agora do que esperar pelo dilúvio de edições comerciais sem anotações.

Mas o Ministério das Finanças bávaro está aderindo à sua orientação original, pelo menos por enquanto. O ministério informou que continuaria a vetar a publicação do controvertido texto. "Em termos de administração (dos direitos da Eher-Verlag), o Estado da Baviera assumiu uma posição restritiva nas últimas décadas", escreveu a porta-voz Judith Steiner em mensagem de e-mail. "Não foi concedida permissão para que as obras completas fossem publicadas, na Alemanha ou no exterior, com a intenção de prevenir a distribuição da ideologia nazista".

A mensagem acrescenta que a posição do Estado se baseia em "responsabilidade e respeito pelas vítimas do Holocausto, para as quais a republicação representaria uma afronta... ao que sofreram". Ao contrário de Möller, o Ministério das Finanças bávaro não acredita que uma edição acadêmica anotada seja útil. "É possível para os historiadores que desejam estudar Mein Kampf criticamente fazê-lo por meio de trabalhos anotados já publicados", afirma a mensagem.

Outros acadêmicos tampouco se deixam convencer de que republicar o livro seja boa idéia. "Acredito que a idéia seja absurda", disse Wolfgang Benz, diretor do Centro de Pesquisa sobre o Anti-Semitismo, em Berlim, à Spiegel Online. "Como se poderia anotar um monólogo de 800 páginas que expõe a visão de mundo insana de Hitler? Depois de cada linha seria preciso escrever que Hitler estava errado, que Hitler estava completamente equivocado, e assim por diante".

O argumento de que é melhor publicar uma edição acadêmica agora do que esperar por edições sensacionalistas não se sustenta, na opinião dele. "Os neonazistas e extremistas de direita vão publicar o livro de qualquer forma, quando os direitos autorais expirarem", diz. "E ninguém vai comprar uma edição acadêmica por centenas de euros quando pode comprar uma versão de bolso publicada por uma editora de direita ao preço de apenas dois ou três euros".

Ele aponta que o livro está livremente disponível, com o texto integral, em sebos, bibliotecas e na Internet e muitas famílias ainda dispõem de cópias. "Quem quiser lê-lo, não encontra dificuldades", disse. "O texto não desapareceu".

Por: Paulo Santana

Fonte: Internet